A 3ª Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas (OBMEP) teve número recorde em inscrições.
Com mais de 17 milhões de estudantes de escolas públicas, a terceira edição, de 2007 foi 21% maior do que a de 2006. O número de escolas chegou a 38,5 mil, um aumento de 18% em relação à edição anterior.
A competição envolveu 98% dos municípios.
Na terça-feira (26), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende, e da Educação, Fernando Haddad e o governador do Rio, Sérgio Cabral, entregararam os prêmios aos três mil vencedores, no Teatro Municipal carioca.
Em número total de medalhas (ouro, prata e bronze), os estados com melhor performance foram Minas Gerais (798), São Paulo (723), Rio de Janeiro (270), Paraná (195), Rio Grande do Sul (126) e Ceará (106).
“O fato de ter 98% dos municípios e atingir milhares de escolas mostra uma capacidade de mobilização que a gente não imaginava. Isso extrapolou as expectativas”, diz o diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia do MCT, Ildeu Moreira.
Melhoria do ensino - O objetivo da Olimpíada é melhorar o ensino de matemática, promover a inclusão social, e identificar novos talentos para a ciência e a tecnologia. “Uma vez que a proposta educacional da escola for bem-feita, esses alunos terão como ser cientistas e engenheiros”, disse. “As Olimpíadas têm um aspecto parecido como as feiras de ciências, de química, de física”, concluiu Moreira.
Os resultados estão diretamente relacionados com a valorização da escola pública, na opinião de Sueli Druck, pesquisadora do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e vice-presidente Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), entidades que executam a Olimpíada. Para ela, o envolvimento cada vez maior de alunos e professores mostra que todos clamam por um ensino de melhor qualidade. “Eles estão mostrando uma demanda por ensino qualificado, porque afinal quem inscreve os alunos são os professores e os alunos fazem a prova. Esse projeto é uma demonstração de que os professores querem mudar a realidade do ensino brasileiro”, disse.
Além disso, segundo Sueli, as Olimpíadas têm promovido um interesse maior pela matemática. “Repare que, na primeira fase, as escolas não competem entre si. A primeira fase serve de parâmetro para que as escolas selecionem 5% dos alunos com melhor desempenho. E, mesmo assim, eles praticamente nos exigiram que elaborássemos material de estudo para seus alunos. Os professores fizeram mutirões aos sábados e domingos para treiná-los. É uma participação, um esforço desses professores, que merece o reconhecimento de todos nós”, completou.
As metas da OBMEP vêm sendo superadas desde a primeira edição, realizada em 2005, quando se esperava envolver cinco milhões de estudantes e se inscreveram 10,5 milhões de alunos de 5ª e 6ª séries (Nível 1), 7ª e 8ª séries (Nível 2) e Ensino Médio (Nível 3). Foram mais de 31 mil escolas de 5.197 municípios. Em 2006, a 2ª OBMEP teve 14 milhões de inscritos de 32,6 mil escolas federais, estaduais e municipais.
Já na 3ª OBMEP, os números surpreenderam a organização do evento e comprovaram que há uma grande mobilização por parte dos professores e seus alunos para participar da competição. Participaram nesta edição 17,3 milhões de alunos, de 38,5 mil escolas. Cerca de 120 mil professores colaboraram voluntariamente com a iniciativa que, em 2007, atingiu 98% dos municípios.
O sucesso do evento como forma de induzir o interesse pela ciência em crianças e jovens fez com que as Olimpíadas fossem citadas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal da área de Ciência, Tecnologia e Inovação. Pelo Plano, que define as ações previstas para os próximos três anos, a meta de crescimento da participação no evento é de 40%.
Premiação - A premiação é para estudantes, professores, escolas e municípios. Os alunos ganham medalhas de ouro (300), prata (600) e bronze (2,1 mil). Todos os medalhistas recebem bolsas da modalidade Iniciação Científica Jr, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT). Além da ajuda financeira, a bolsa implica acompanhar um programa especial de matemática com professores da SBM e pesquisadores do Impa, com temas não abordados no currículo escolar.
O professor premiado é aquele que está em sala de aula, trabalhando diretamente com os alunos. Neste ano, 115 professores de matemática foram premiados com um curso de aperfeiçoamento ministrado no Impa. Eles passaram uma semana em janeiro passado, na sede do instituto, onde a programação foi composta por temas como “Geometria do Globo Terrestre” e a “Matemática do Código de Barras”.
Já a premiação das escolas é dividida por dois critérios, maior pontuação nas unidades da federação e maior pontuação entre as escolas, independentemente da unidade da federação, num total de 100. As 27 que alcançam maior pontuação no seu estado recebem um notebook com kit de projeção móvel e livros para composição de uma biblioteca básica em Matemática. E as 73 restantes que obtêm a maior pontuação nacional dentre as municipais e estaduais, independentemente da unidade da federação, receberão livros de matemática para sua biblioteca. Para os 50 municípios com maior pontuação, serão entregues troféus.